quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Entrevista exclusiva com Mario Celso Petraglia - Parte 01



O Blog Olho no Lance entrevistou com exclusividade, Mario Celso Petraglia, atual presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Paranaense.

Quero frisar que foi a primeira vez que tive um contato pessoal com o presidente e muito me impressionou sua postura e inteligência. Um homem focado nos negócios, nos próprios desejos e da torcida Atleticana, sem sombras de dúvidas uma pessoa marcante. Muitos empresários brasileiros deveriam ter um mínimo de contato com esse empreendedor, para aprenderem como administrar e seguir em evidência em seus negócios.

Muitos dirão que é puxa-saquismo de minha parte, mas eu lhes digo que não conheci uma mente empresarial tão brilhante como a dele. Ao contrário do que dizem, não é tão intransigente quanto falam, mas é um líder nato, com planejamentos extraordinários sobre tudo que faz. Não dá um passo sem um pensamento e um planejamento de que tudo irá caminhar em conformidade com os planos e principalmente sobre o Atlético, de acordo com os anseios da torcida. Ele realmente quer vitórias, anseia por isso e acha essencial.

Dividiremos essa entrevista em 3 partes a serem publicadas semanalmente. Entre polêmicas e declarações extraordinárias, segue uma entrevista voltada aos interesses da torcida Atleticana.
Realmente na minha opinião, um mito do futebol brasileiro.

Começaremos pelo sonho do título mundial.

CAMPEÃO MUNDIAL, SONHO OU REALIDADE?

Robson (Olho no Lance) - Presidente, Mario Celso Petraglia, qual o caminho para que o Atlético chegue ao título mundial tão sonhado por sua torcida? Isso é um sonho ou uma realidade próxima de ser alcançada?

Petraglia – Robson, nada se faz sem sonhos e continua sendo um sonho. Hoje mais fácil de ser concretizado do que aquele que começamos em 1995. Por que ainda é um sonho?  Porque estamos ainda caminhando e não sei se estamos na metade do caminho ou ¾ desse caminho, mas uma boa parte da trajetória já percorremos.
Mas é necessário continuarmos em constante crescimento e evolução para sermos um dos maiores clubes das Américas.

Robson – Para chegarmos a esse nível, o que falta e o que é necessário?

Petraglia – A nível de infraestrutura nenhum clube na América do Sul tem a infraestrutura que temos. Agora necessitamos da segunda parte do projeto após o estádio e o CT concluídos.
É a fase de passarmos de coadjuvantes a protagonistas no futebol, entrando em todos os campeonatos avaliados que estaremos entre os primeiros.
Isso depende ainda do entendimento, colaboração, envolvimento e participação de nossa torcida, pois sem ela será impossível.

Robson - A Forbes já avaliou o Atlético Paranaense como o 11º clube mais rico das Américas e agora indica como o 25º, o que senhor pensa sobre isso?

Petraglia – Aquilo está mal feito, incorporaram uma dívida do estádio que não nos pertence, ou seja, estamos muito acima dessa posição com certeza.
De todo o projeto, o que está faltando é o aumento no número de sócios torcedores. Hoje temos no plano de sócios, cerca de 20 mil associados, mas necessitamos atingir 40 mil associados no mínimo. Se não chegarmos a esse número de sócios que entendam, colaborem e ajudem a transformar esse sonho em realidade, o caminho será muito mais complicado. Se levarmos em consideração que temos 2,5 milhões de torcedores, o número de 20 mil sócios equivale a 1% da torcida Atleticana e necessitamos de apenas mais 1% ou seja, apenas 2% de toda nossa torcida para tornar esse projeto totalmente possível.
Devemos levar em conta que o valor do sócio Furacão é muito barato em vista do futebol caro que temos que administrar. Não podemos ficar apenas dependentes das cotas de TV irrisórias e mal distribuídas, pois se continuarmos dependendo de uma mudança do futebol brasileiro e uma divisão justa de cotas e reconhecimento histórico do que somos hoje, esperaremos sentados. Não podemos mais ser comparados com clubes pequenos, sem menosprezo a ninguém, mas estamos em outro patamar. Com todo respeito ao Botafogo, por exemplo, mas não podemos mais aceitar que digam que o Botafogo, que tem uma bela história, é maior que o Atlético, afinal ninguém pode continuar vivendo do seu passado. Tem que viver do seu presente muito mais do que será seu futuro. Por isso precisamos do engajamento de toda nossa torcida.

Robson – Tendo em vista as seguidas promoções de ingressos, numa tentativa de levar nosso torcedor ao estádio, como o senhor avalia a falta de retorno da torcida? Sendo que aparentemente apenas os sócios Furacão é que frequentam o estádio em grande maioria nos dias de promoções.

Petraglia – Não só apenas na promoção de ingressos, mas a tudo que se refere ao Atlético o torcedor está deixando a desejar. Não tem havido um retorno ao menos razoável, inclusive no consumo de produtos do próprio clube. Nosso torcedor está ainda preso ao que fomos no passado e não ao que somos na atualidade. A mentalidade de nosso torcedor tem que mudar para que veja o Atlético do presente e acreditar nos projetos do clube. Alguns torcedores ainda acham que o milagre virá por si só.
Futebol hoje em dia é profissionalizado na sua essência, não existe mais aquele romantismo de quando o atleta jogava pela camisa, por amor ao clube. Ele busca onde ganhar mais dinheiro, é profissionalismo puro. Não há mais a identificação do atleta com o clube e o torcedor ainda não se profissionalizou e acha que só torcer já é o suficiente e que quem está na direção do clube tem a obrigação de dar alegrias a ele, os títulos, as vitórias, os campeonatos, sem que ele participe ou faça um esforço para tornar isso possível. O torcedor não quer saber se há dinheiro ou não, para ele não importa, “nós queremos títulos e pronto”, esse é o pensamento do torcedor. Isso é uma falácia, termo que já usei e que foi mal interpretado. Essa mentira de que o time tem que vir primeiro, “construa um grande time que você terá sócios”. Um grande time se desmancha e aqueles que vierem por um grande time, irão embora e deixarão o clube na mão novamente, como já aconteceu, quando não conseguirmos montar o grande time. Um grande time não ganha sempre e depois entramos naquele círculo vicioso. Necessitamos de 40 mil sócios com time bom, ruim ou médio para que o clube tenha equilíbrio em seu planejamento. Em um certo momento, com certeza, o time irá ganhar, será campeão.

Robson – O Presidente Salim foi feliz em um comentário na reunião da Assocap quando disse: “Não posso contrair uma dívida sem ter a certeza de que vou receber o suficiente para pagá-la”, ou seja, primeiramente temos que gerar receita, receber, para depois aplicar, sem isso o futebol fica impossível de ser praticado.

Petraglia -  E não é só isso Robson, ninguém garante que esse alto investimento irá se transformar em títulos. E corremos o risco de não ganharmos nada, que é maior do que ganharmos. Nós tivemos de 1971 pra cá, 46 campeonatos brasileiros disputados e quem perdeu menos, perdeu 40, ou seja, de 46 times montados pelo clube que foi mais vezes campeão, 40 não atingiram o objetivo e falo de times caros. Por isso não podemos ficar com essa loucura de que investindo alto o torcedor virá, pois se não alcançarmos os títulos, mesmo com um excelente plantel, o torcedor se afastará novamente. Como vou garantir que fazendo um alto investimento o sócio virá depois para ajudar a pagar a conta?
Podemos até comparar com o Corinthians, com a excelente verba de TV que recebe, que teve que desmontar o time campeão brasileiro, pois não teve como segurar. Montou outro bom time, mas não está obtendo o sucesso esperado. Um time montado com muito dinheiro, abriram os cofres e estão atrás do nosso na classificação que foi montado basicamente pela base do clube.

O sonho de um título mundial é possível, basta o torcedor do Atlético ter paciência e nos ajudar por essa conquista.

Próxima Semana
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3 comentários:

  1. impossível uma grande parte da torcida odeia o mcp esse sonho de mais 40 mil associados não vai acontecer pois não vamos fazer loucura então sermos campeão só um milagre a cabeça de nossos torcedores dificilmente vai mudar desculpa se estou muito pessimista gostei muito da entrevista abraços

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  2. o Atletico foi campeão brasileiro com um bom time e foi vice campeao brasileiro e da libertadores com um exelente equipe. eu entendo que o clube necessita da entrada de valores pelos torcedores mas vamos e convenhamos: aqui nao é europa, nao tem como mudar a cultura. Quer ter a casa cheia e 40 mil socios? Monte uma equipe vencedora? abra os cofres. o torcedor pode ficar triste por nao ganhar titulos, mas continuara firme com o clube se a diretoria denonstrar vontade de querer vencer.

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  3. Como atrair 40 mil torcedores se a maioria da torcida atleticana é povão de classe média? Não adianta o senhor mesmo dizer que tem que "elitizar" a nossa torcida, elitizando o resultado será este uma arena vazia e fria.Façam um plano de sócios mais diversificado, para todas as classes,liberem a festa e não tirem a alegria e magia da torcida atleticana !!

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